10.31.2007

Peripécias De Um Homem/27-03-06

Eu no meu esperar
Esperei pelo que não poderia nunca ter
Mas e se eu encontrar?
Então não terei mais de procurar
E se eu nunca achar?
Então serei mais um a procurar

Numa terra distante onde a ilha não se curva
Prendemos a atenção numa distante silhueta
É um homem triste num canto a chorar
É um homem triste num canto a esperar
Eu sei que ninguém quer ter culpa
Eu sei que nada é em vão
Eu sei que a estátua que espera também em solidão não é de ninguém
Mas eu sei que se ela quiser será minha em uma questão de minutos

Uma última canção eu esperei que você ouvisse
Numa última canção esperei que você se apegasse
Mas nada importa, porque se eu finalmente conseguir abrir a porta.
Vou encontrar um novo mundo bem em frente dos meus olhos
E se eu não puder fazer nada em relação ao nada?
Então serei mais um
Serei alguém
NINGUÉM!

Numa curva da estrada eu perdi a minha direção
E me entreguei definitivamente a solidão
Eu sei o que fiz
Eu sei o que fizeram
Eu sei que nada será
Eu sei que nada quer ser
Eu sei que minha estrada está traçada
Mas eu vou mudá-la quando eu bem quiser, quando eu bem entender.
Eu sou mais
Eu sou muito mais
Do que o futuro que me espera
Do que a vida que eu levo
Eu sou um Deus
Eu sou imortal
Eu sou o que você nunca vai ser
Eu sou alguém clamando por alegria
Eu sou algo bem melhor que você
Eu sou
Eu fui
Eu serei
E ninguém pode me impedir

Os sinais de uma nova visão estão cegando a escuridão
Os cegos do castelo estão saindo e levando a luz aos visionários
Os destinos cruzados em algum momento estão me dizendo que a vida é mais do que ser, ter e estar.
Ela é um Universo em expansão
Mesmo que você só queira ficar expandindo você mesmo
Mesmo que tudo dê errado
Mesmo que as coisas entrem em parafuso
Numa espiral infinita
Caindo
Morrendo
Testando
Esperando
Cuspindo
Sendo enterrado vivo numa sepultura marinha ou terrena, celestial, moral ou emocional.
O pisotear começa agora mesmo
Nunca mais viverás da mesma maneira
Nunca mais nada, nunca mais lugar nenhum.

Eu começo agora a me ensaiar como pessoa maior
Maior, não melhor.
Nunca queremos ser melhores e sim maiores
Nunca queremos nada, mas sabemos de tudo.
Numa esquina encontrei um tesouro infinito... Partido ao meio.
Numa nova amizade encontrei forças para que o mundo rode novamente
Numa nova corrente eu encontrei um elo forte e cem mil fracos
A facilidade das coisas nos move para o lado errado, mas mesmo assim continuamos a nos mover.
E sem parar
Eu não sei quanto tempo o mundo existirá
Não sei se meus filhos verão a minha música
Não sei se meus netos lembrarão de mim
Mas sei de uma coisa
As estrelas lembrarão de mim
O ar lembrará de mim
As nuvens lembrarão de mim, de quando eu as dava formas e nomes.
De quando a pureza de uma tarde ensolarada era tão bela quanto uma maçã no pé de macieira

Aquele rio lembrará de uma noite de loucura em que tudo corria contra ele e ele me segurou
Aquele cavalo lembrará de mim quando eu andei com ele e não nele
Uma série de fatores pequenos lembrará de mim, mesmo que ninguém mais lembre.
Eu lembro,

Eu e minha memória fotográfica,
Eu me lembro de fatos e pessoas que ninguém teria capacidade de lembrar
Eu me lembro de coisas, lugares, eu me lembro de tudo.
Eu me lembro de você!
Eu sou a memória dos tempos que virão
Eu sou a estória contada de geração em geração
Eu sou um pedaço do tempo ao vento
Estou por aqui, você pode até me pegar no ar.
Concentre-se!

Será que quando meu corpo se for, a minha alma e amor ficarão?
Será que se eu passasse a usar uma luva eterna eu pararia de tocar e sentir a maldade?
Aquela maldade aterradora que te dá náuseas e te faz pensar em como a vida é cruel e insensata?

Um texto que te manda pensar
Um texto que te faz amar
Um texto que te diz o que fará amanhã, mesmo inconscientemente.
Uma canção!
Você não imagina quanto poder uma canção pode ter
Você nem imagina o quanto poder posso ter numa manhã cinzenta com uma canção
Eu sou a vida
Eu sou a morte
Eu sou o que quero ser
Eu sou o tudo e o nada
Sou um pedaço do pano de fundo azul do céu
Eu sou mais um tijolo no muro
Eu sou poeira no vento
Eu sou a aliteração moderna
Eu sou a Construção
Eu sou a memória
Eu sou
E se eu sou
Eu também vou poder ser
Eu já não sei se sou deste mundo
Mas uma coisa eu sei
Sou o que tenho que ser
Nada pode me mudar
Sou imutável
Posso aprender
Mas não compreender
Posso tentar e mesmo assim não conseguir, mesmo que tente com todas as minhas forças.

Eu quero
Eu preciso
São palavras inconscientes de uma alma fraca em ebulição

Numa tarde bem cedo me flagrei pensando em como as coisas são belas
E ao mesmo tempo feias e inconstantes
Sou inconstante
Todos somos
Eu serei seu se quiser
Eu serei meu se precisar
Serei seu ombro

Eu serei o patrono
De uma nova revolução de merda
De armas e contradições
Eu serei um Hitler Moderno e poderoso
Não no lado fascista, mas na relação custo/benefício que a vida dá pra quem tem poder.
Eu poderia ter sido Jesus e não ter morrido
Eu poderia ter sido Judas e não traído
Eu poderia ter amado alguém e nunca ter deixado
Eu poderia ter ficado
Eu teria ficado!

Mas seu eu tivesse ficado o que eu poderia ter feito?
O que eu poderia ter amado?
Eu seria a mesma pessoa?
Com certeza não!
Só mais uma nova visão atormentada pela aproximação da televisão
Eu seria só mais um
Eu seria quem sou sem me mover um segundo do sol!

O eixo natural das coisas é como um balanço velho no quintal
Depois de anos ele ainda vai balançar
Nada será como antes, mas ele estará cumprindo o seu papel.

Um milagre poderia ter nos salvo
Mas os milagres existem?
Eles são reais a ponto de mexerem com a cabeça das pessoas?
Não!
Eles são apenas o contorno da sensibilidade imoral.
Uma paródia da vida que não pode te ajudar
Mas você torce por eles
Que eles existam
Numa amizade quase real

VOCÊ FOI TRAÍDO!
EU FUI TRAÍDO!
INCONTÁVEIS VEZES!
MAIS UMA VEZ!

Os dias frios sempre me deixaram feliz porque me fizeram lembrar!
Do que?
De um passado distante
Pois sou um saudosista
Sou aquele que lembra o que não deveria ser lembrado
Sou o Deus da lembrança

Numa raiva enjaulada
Numa culpa arrancada
Numa crise de culpa
Numa crise de meia/meia idade
Numa célebre tarde de insolação
Numa fria tarde de verão
Numa augusta manhã de Setembro
Numa diáfana noite de Janeiro fui jogado aos abutres
Pois meu corpo jazia sem coração
Fui jogado no poço da solidão

E trocado...
Por outra ilusão!



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